Etapas essenciais para desenvolver projetos e escopo em obras públicas
felipe
14 de julho de 2025
9 min. de leitura
A elaboração e o planejamento de projetos de obras públicas são etapas essenciais para garantir a eficiência, a qualidade e a conformidade legal das construções realizadas pelo setor público. Um escopo técnico bem definido serve como base para todo o processo, desde os rascunhos até a execução.
Além de orientar a execução da obra, o planejamento adequado permite maior controle orçamentário, evita retrabalhos e assegura a transparência perante os órgãos de fiscalização. A integração entre as disciplinas técnicas e o alinhamento com as políticas públicas são fundamentais para garantir a funcionalidade e a durabilidade das intervenções. Continue a leitura para saber mais!
Por que definir bem o escopo é essencial?
O escopo técnico é o documento que delimita o que será feito, como será feito e com quais recursos. Em obras públicas, ele serve de base para a elaboração do projeto executivo e para o processo de licitação.
Um escopo mal definido pode resultar em atrasos, aditivos contratuais e até paralisações, comprometendo o atendimento às necessidades da população e gerando desperdício de recursos públicos.
Além disso, a clareza no escopo facilita a fiscalização e o controle por órgãos competentes, como os Tribunais de Contas, assegurando a transparência e a legalidade dos investimentos públicos.
Quais são as principais etapas de um projeto?
O desenvolvimento de projetos de engenharia para o setor público segue uma sequência lógica, que deve ser respeitada para garantir a conformidade com as normas para projetos públicos e a eficiência na execução. Confira as principais etapas.
Levantamento de dados e estudos preliminares
O ponto de partida é o levantamento de necessidades locais, identificando demandas da população em áreas como saúde, educação e infraestrutura. Em seguida, são realizados estudos técnicos preliminares, que incluem:
- estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental: avaliam se o projeto é exequível e sustentável;
- levantamentos topográficos, hidrológicos e geotécnicos: fornecem informações sobre o terreno e as condições do solo;
- diagnóstico das condições existentes: analisa a infraestrutura atual e identifica necessidades de intervenção;
- consultas com comunidades e usuários: integram a percepção da população para melhor aderência do projeto à realidade local;
- análise da legislação urbanística e ambiental: assegura o alinhamento do projeto com as normas vigentes e evita entraves futuros.
Esses estudos fundamentam a elaboração do programa de necessidades e do anteprojeto, que orientam as etapas subsequentes.
Projeto executivo e aprovações
Com base nos estudos preliminares, desenvolve-se o projeto básico, que detalha as soluções técnicas e serve de base para a licitação. Após a licitação, a depender da modalidade adotada, poderá ser elaborada a versão executiva por empresa contratada, com base no projeto básico fornecido pelo contratante público. O projeto executivo especifica todos os elementos necessários para a execução da obra, incluindo:
- desenhos técnicos detalhados: plantas, cortes, elevações e detalhes construtivos;
- especificações de materiais e serviços: estabelecem requisitos de desempenho e critérios de qualidade segundo as normas aplicáveis;
- orçamentos e cronogramas: estimam custos e prazos de execução;
- memoriais descritivos e de cálculo: detalham justificativas técnicas e estruturais;
- plano de gerenciamento de resíduos: estabelece diretrizes para descarte e reaproveitamento durante a obra.
O projeto executivo deve ser aprovado pelos órgãos competentes antes do início das obras, garantindo a conformidade com as normas técnicas e legais. No entanto, vale destacar que, conforme a Lei nº 14.133/2021 (nova Lei de Licitações e Contratos), existem diferentes modalidades de contratação no setor público. Em alguns casos, o projeto executivo já é exigido previamente à licitação; em outros, ele pode ser elaborado posteriormente pela empresa contratada, com base no projeto básico fornecido pela administração pública. A definição do escopo depende do regime de execução adotado, como contratação integrada ou empreitada por preço global.
Como organizar o planejamento por fases?
O planejamento de obras públicas deve ser estruturado em fases, permitindo um controle mais eficaz e a identificação de possíveis ajustes ao longo do processo.
Um projeto bem planejado reduz significativamente os riscos de atrasos, estouros orçamentários e falhas de execução, promovendo maior previsibilidade e segurança tanto para o gestor público quanto para os contratados.
A estruturação em fases possibilita o acompanhamento sistemático das atividades, a correção de desvios e a adequação do escopo quando necessário, respeitando as exigências legais e técnicas. Vamos conhecer as principais etapas.
Planejamento estratégico
Define os objetivos do projeto, considerando as políticas públicas vigentes, as diretrizes do plano plurianual e os compromissos assumidos pelo governo. Envolve a priorização de investimentos, a análise de riscos institucionais e a escolha de alternativas mais eficazes para atender às necessidades da população.
Planejamento tático
Detalha as ações, metas intermediárias, cronogramas, recursos orçamentários e humanos. Nessa fase, são organizadas as licitações, definidos os contratos e estabelecidos os mecanismos de controle. É o elo entre o planejamento de longo prazo e a execução concreta da obra.
Planejamento operacional
Especifica as atividades diárias, a alocação de equipes, insumos e equipamentos, garantindo que a execução siga os padrões definidos. Deve incluir planos de contingência, logística e medidas de segurança do trabalho.
Monitoramento contínuo
Acompanha a execução em tempo real, com indicadores de desempenho físico e financeiro. Permite a correção imediata de falhas, a reprogramação de etapas e a elaboração de relatórios de conformidade, essenciais para os órgãos de controle e fiscalização.
Avaliação pós-obra
Mensura os resultados entregues em relação aos objetivos iniciais. Envolve auditorias técnicas, pesquisa de satisfação dos usuários e sistematização das lições aprendidas. Serve como insumo para melhorar futuros projetos e políticas públicas.
É importante destacar que cada uma das fases deve ser acompanhada de indicadores de desempenho e mecanismos de controle, assegurando a gestão de projetos públicos de engenharia eficiente, transparente e voltada à entrega de valor à sociedade.
A clareza na divisão de etapas também contribui para a responsabilização adequada dos agentes envolvidos e para o aprimoramento da cultura de planejamento no setor público.
O que considerar ao definir materiais e técnicas construtivas?
A definição adequada desses elementos contribui para a eficiência da obra e a satisfação das necessidades da comunidade atendida. Portanto, a escolha de materiais e técnicas construtivas deve levar em conta fatores como:
- durabilidade e manutenção: optar por soluções que reduzam custos de manutenção a longo prazo;
- sustentabilidade: priorizar materiais e métodos que minimizem impactos ambientais;
- disponibilidade local: utilizar recursos disponíveis na região para reduzir custos e prazos;
- normas técnicas: atender às exigências das normas para projetos públicos, garantindo segurança e qualidade;
- inovação tecnológica: considerar o uso de tecnologias construtivas modernas, como pré-fabricados ou BIM (Building Information Modeling);
- adequação ao clima e ao uso: selecionar materiais conforme a função da edificação e as condições ambientais locais.
Papel da coordenação de projetos em obras públicas
A coordenação de projetos é responsável por integrar as diversas disciplinas envolvidas, como arquitetura, engenharia civil, elétrica e hidráulica. Trata-se de uma função estratégica que garante a coerência entre as diferentes etapas do projeto, assegurando que todos os elementos estejam alinhados com o escopo definido, o cronograma estabelecido e o orçamento aprovado.
Entre suas principais funções, podemos destacar:
- gestão de interfaces: assegurar que as soluções de diferentes áreas sejam compatíveis, evitando sobreposições, lacunas ou conflitos técnicos. Isso inclui a compatibilização de projetos complementares, como instalações elétricas com estrutura civil, ou sistemas hidráulicos com acabamentos arquitetônicos;
- controle de prazos e custos: monitorar o andamento do projeto e tomar medidas corretivas quando necessário. A coordenação deve manter os cronogramas físico-financeiros atualizados, identificar desvios e aplicar estratégias de recuperação para evitar impactos significativos;
- comunicação com stakeholders: manter informados os órgãos públicos, a população e os órgãos de controle, promovendo a transparência e facilitando a adesão social ao projeto. Também cabe à coordenação promover reuniões de alinhamento entre as equipes técnicas, fiscais e contratados;
- integração com o planejamento urbano: alinhar o projeto com diretrizes de mobilidade, acessibilidade e uso do solo, garantindo que a intervenção contribua para o desenvolvimento urbano sustentável e atenda a normas municipais e regionais;
- gerenciamento de riscos: identificar e mitigar riscos técnicos, jurídicos e financeiros ao longo do ciclo do projeto. Isso envolve a elaboração de matrizes de risco, planos de resposta e estratégias de contingência que assegurem a continuidade do empreendimento mesmo diante de imprevistos.
Vale destacar que uma coordenação eficiente e bem planejada é essencial para o sucesso do projeto, evitando retrabalhos, atrasos e desperdícios de recursos.
Além disso, reforça a credibilidade das instituições públicas ao demonstrar capacidade técnica, organizacional e compromisso com a entrega de resultados.
Importância da capacitação e atualização técnica
A qualidade dos projetos públicos também está diretamente relacionada à capacitação das equipes envolvidas. Investir em formação técnica e atualização constante sobre novas tecnologias, legislações e boas práticas é fundamental para o desempenho eficiente. A ausência de qualificação adequada pode comprometer todas as etapas do projeto, desde a concepção até a execução, afetando diretamente a qualidade das obras entregues.
Entre as ações mais relevantes nesse sentido, destacam-se:
- treinamentos em softwares de projeto e modelagem: capacitar engenheiros, arquitetos e técnicos no uso de ferramentas como AutoCAD, Revit, plataformas de coordenação e softwares de orçamentação é essencial para aumentar a precisão e a produtividade;
- cursos sobre legislação vigente, como a nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/21): atualizar os profissionais quanto às regras de contratação, critérios de julgamento, obrigações contratuais e mecanismos de controle fortalece a conformidade jurídica dos projetos;
- participação em seminários e eventos técnicos: promove a troca de experiências, a divulgação de inovações e o debate sobre soluções aplicadas com sucesso em outras regiões ou contextos;
- promoção de cultura organizacional voltada à excelência na engenharia pública: estimular o comprometimento com resultados, a ética profissional e a busca constante por melhorias dentro das instituições públicas e entre os parceiros contratados.
Além de todos esses fatores, a valorização da formação continuada contribui para reter talentos no setor público e elevar o padrão dos serviços prestados à sociedade. A qualificação das equipes técnicas é, portanto, um investimento estratégico que impacta diretamente na qualidade das obras públicas e na confiança da população nos serviços oferecidos pelo Estado.
A elaboração de projetos de obras públicas e a definição do escopo técnico para obras públicas são processos complexos que exigem planejamento detalhado, integração entre disciplinas e conformidade com normas técnicas e legais.
Seguir as etapas essenciais e adotar boas práticas de gestão em projetos públicos de engenharia são fundamentais para garantir a qualidade das obras, a eficiência na utilização dos recursos públicos e a satisfação das necessidades da população. Um projeto bem estruturado não apenas contribui para o desenvolvimento urbano e social, mas fortalece a credibilidade das instituições públicas perante a sociedade.
E você? Como define o escopo dos seus projetos e como vê o papel da coordenação? Conte-nos nos comentários!
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