Drones na construção civil: como auxiliam no monitoramento de obras
felipe
29 de julho de 2025
9 min. de leitura
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Seções desta página
- Por que usar drones na construção civil?
- Principais aplicações dos drones no canteiro de obras
- Levantamento topográfico com drone
- Monitoramento do progresso da obra
- Inspeções visuais e de segurança
- Medição de áreas e volumes
- Apoio ao planejamento e compatibilização
- Benefícios operacionais e econômicos
- Redução de custos com topografia e inspeções
- Agilidade nas tomadas de decisão
- Prevenção de retrabalhos e desperdícios
- Transparência e rastreabilidade
- Cuidados legais e regulatórios
- Regras da ANAC
- Autorizações do DECEA
- Homologação pela ANATEL
- Responsabilidades do operador
- Como começar a implementar drones no seu projeto?
- Etapas iniciais de adoção
- Escolha do drone ideal
- Integração com plataformas de gestão
O uso de drone na construção civil tem se consolidado como uma das inovações mais transformadoras dos últimos anos. Com capacidade de sobrevoar grandes áreas, captar imagens aéreas em alta resolução e gerar dados georreferenciados em tempo real, esses equipamentos oferecem uma nova perspectiva sobre o canteiro de obras.
Além de facilitar o monitoramento e o levantamento de dados, o drone para monitoramento de obras reduz o tempo de inspeções, melhora a comunicação entre equipes e ajuda na tomada de decisões mais tecnicamente fundamentadas . Ao longo deste conteúdo, vamos entender melhor como essa tecnologia funciona, suas aplicações práticas e os cuidados necessários para sua implementação.
Por que usar drones na construção civil?
A construção civil é um setor caracterizado por operações dinâmicas, áreas extensas e necessidade constante de controle e fiscalização. Nesse contexto, o uso de drone em obras representa um salto de eficiência, pois permite enxergar o canteiro de forma ampla e detalhada, com rapidez e segurança.
Os drones oferecem benefícios diretos em diversas etapas da obra, desde a fase de planejamento até a entrega final. Eles também democratizam o acesso à tecnologia de mapeamento e monitoramento, com custos cada vez mais acessíveis.
Entre os principais motivos para adotar essa ferramenta, destacam-se:
- acesso rápido a áreas de difícil mobilidade humana;
- redução do tempo de coleta de dados topográficos e visuais;
- melhora na precisão de medições e análises;
- possibilidade de comparação entre o projeto e a execução real;
- fortalecimento da fiscalização com drone em canteiros.
Principais aplicações dos drones no canteiro de obras
A versatilidade do drone na construção civil permite seu uso em diferentes contextos e necessidades do empreendimento. A seguir, apresentamos as principais aplicações práticas que já vêm sendo adotadas por construtoras, incorporadoras e escritórios de engenharia.
Levantamento topográfico com drone
Uma das funções mais relevantes é a realização de levantamentos topográficos. Com sensores fotogramétricos ou LiDAR, o drone coleta imagens e dados que podem ser processados para gerar modelos digitais do terreno (MDT e MDS).
Entre os resultados obtidos, podemos destacar:
- ortofotos com alta precisão;
- curvas de nível detalhadas;
- identificação de desníveis e obstáculos;
- base de dados para projetos de terraplenagem.
Esse tipo de levantamento substitui com vantagem as técnicas tradicionais, como a estação total, sendo mais rápido e seguro.
Monitoramento do progresso da obra
Outro uso estratégico dos drones é o acompanhamento da evolução do canteiro. Sobrevoos periódicos permitem registrar o avanço físico da obra e compará-lo com o cronograma previsto. Essa prática traz mais transparência para os gestores e maior controle sobre o andamento do projeto.
As imagens coletadas podem ser utilizadas para:
- produzir vídeos time-lapse com o progresso da obra;
- validar etapas concluídas para medição de empreiteiras;
- alimentar relatórios de obra com imagens atualizadas;
- identificar áreas com baixa produtividade.
Inspeções visuais e de segurança
A inspeção com drone em obras é ideal para acessar áreas elevadas, telhados, fachadas ou estruturas provisórias. Com câmeras de alta definição e sensores térmicos, os drones conseguem identificar falhas, rachaduras ou pontos de umidade com rapidez e segurança.
Entre as vantagens da inspeção aérea, podemos citar:
- eliminação de riscos ao trabalhador, já que não há a necessidade de uso de andaimes, plataformas elevatórias ou técnicas de acesso por corda em grandes alturas;
- agilidade na detecção de inconformidades;
- registro visual para análise técnica posterior;
- apoio à elaboração de planos de manutenção.
Medição de áreas e volumes
Drones também podem ser utilizados para aferição de distâncias, área pavimentada, estoque de materiais (como brita e areia) e volume de escavações. Esses dados reduzem o retrabalho e melhoram o planejamento de insumos.
Com o apoio de softwares de modelagem, é possível:
- calcular o volume de cortes e aterros;
- estimar a quantidade de material em pilhas ou depósitos;
- medir áreas concretadas ou pavimentadas com precisão.
Apoio ao planejamento e compatibilização
O drone para monitoramento de obras também serve como ferramenta de apoio aos projetistas e BIM Managers. Ao integrar imagens aéreas atualizadas com modelos 3D, é possível verificar se a obra está sendo executada conforme o previsto.
Desse modo, será possível:
- detecção precoce de erros de execução;
- validação de compatibilizações entre disciplinas;
- maior precisão no uso de dados georreferenciados.
Benefícios operacionais e econômicos
O uso dessa tecnologia na construção civil vai além das aplicações técnicas no canteiro. Ele também traz ganhos significativos na produtividade, nos custos e na gestão estratégica dos projetos.
Com a coleta automatizada de dados e imagens de alta precisão, os drones permitem decisões mais rápidas e melhor fundamentadas, otimizando os recursos da obra. Conheça os principais benefícios!
Redução de custos com topografia e inspeções
Os drones substituem, em muitos casos, metodologias tradicionais como a estação total e o trabalho manual de campo, além de reduzir o tempo necessário para levantamentos e inspeções. Isso impacta diretamente nos custos operacionais.
Inclusive, já há artigos acadêmicos que indicam que o uso de drones apresenta um custo inicial mais baixo e uma resposta mais rápida quando comparado a métodos convencionais, como a estação total.
Essa economia ocorre pela redução no tempo de campo, menor necessidade de mão de obra e agilidade na coleta de dados.
Agilidade nas tomadas de decisão
Com dados capturados em tempo real e imagens atualizadas do progresso da obra, os gestores conseguem identificar gargalos, desvios e necessidades de ajustes com muito mais rapidez.
Essa agilidade resulta em menor risco de atrasos, melhor alinhamento entre equipes e respostas mais eficazes aos imprevistos do canteiro. A visualização do avanço físico da obra de forma objetiva e comparativa também fortalece o controle do cronograma.
Prevenção de retrabalhos e desperdícios
A confiabilidade dos dados obtidos por drones diminui significativamente as chances de retrabalho. Medições incorretas, falta de alinhamento com o projeto executivo e erros de execução podem ser identificados antecipadamente.
Ao fornecer um retrato fiel da obra, o drone ajuda na validação contínua das etapas construtivas, no controle do uso de insumos e na detecção de falhas que poderiam gerar prejuízos maiores no futuro.
Transparência e rastreabilidade
As imagens e vídeos captados ao longo da obra formam um histórico visual completo, que pode ser utilizado em auditorias, apresentações a investidores ou prestação de contas em obras públicas. Essa rastreabilidade fortalece a governança do empreendimento e aumenta a transparência na comunicação com stakeholders. Além disso, ajuda na padronização de processos e no registro de entregas parciais com precisão documental.
Cuidados legais e regulatórios
Embora o uso dessa tecnologia em obras seja altamente vantajoso, ele está sujeito a uma série de regulamentações no Brasil.
Para garantir segurança jurídica e evitar multas ou interdições, é essencial seguir as exigências estabelecidas por órgãos como a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).
Vamos conhecer melhor essas exigências.
Regras da ANAC
Drones que pesam mais de 250 gramas precisam ser registrados na ANAC. Além disso, as operações comerciais (como as feitas por construtoras) devem respeitar o limite de 120 metros de altura e ser conduzidas por operadores com conhecimento técnico e responsabilidade legal.
A ANAC também exige que os voos mantenham a linha de visada visual e não ocorram sobre pessoas sem consentimento expresso.
Autorizações do DECEA
O DECEA regula o uso do espaço aéreo e exige autorização prévia para voos em áreas urbanas ou próximas a aeroportos.
A solicitação é feita via sistema SARPAS (Solicitação de Acesso ao Espaço Aéreo), onde o operador informa a data, o local e o tipo de voo. Ignorar essa etapa pode resultar em penalidades, principalmente em obras situadas em regiões densamente povoadas ou com tráfego aéreo intenso.
Homologação pela ANATEL
Todos os drones que operam em frequências de rádio, como 2.4GHz e 5.8GHz, devem ser homologados pela ANATEL, pois são faixas de frequências de rádio controladas. Sem essa homologação, o uso do equipamento pode ser considerado ilegal, mesmo que a operação esteja regularizada nos outros órgãos.
Responsabilidades do operador
Além das exigências técnicas, o piloto responsável pela operação precisa estar capacitado e atento a protocolos de segurança. Recomenda-se que a operação de drones em obras seja coordenada por profissional habilitado, com emissão de ART quando aplicável, garantindo segurança e respaldo técnico-jurídico.
Também é recomendado que as empresas possuam seguro contra danos a terceiros e que estabeleçam rotinas de verificação do equipamento antes de cada voo. Também é necessário elaborar planos de voo e manter registros das operações, especialmente quando há monitoramento frequente.
Como começar a implementar drones no seu projeto?
A adoção de drones pode ser feita de forma gradual, começando com serviços terceirizados e evoluindo para a estruturação de um setor interno de aerolevantamento.
Etapas iniciais de adoção
Para começar o seu projeto com segurança e eficiência, é recomendável seguir alguns passos:
- identificar as necessidades do projeto (monitoramento, topografia, inspeção);
- contratar empresas especializadas para os primeiros serviços;
- avaliar a frequência e a complexidade das operações;
- estudar o retorno sobre investimento (ROI) da compra do equipamento;
- capacitar profissionais ou contratar pilotos licenciados.
Escolha do drone ideal
A escolha do equipamento depende da aplicação pretendida. Para topografia, por exemplo, o ideal são drones com sensores RTK e câmeras de alta resolução. Já para inspeções, modelos menores e ágeis podem ser mais adequados.
Alguns critérios a serem levados em consideração:
- autonomia de voo;
- resistência ao vento e à poeira;
- capacidade de carregar sensores específicos;
- compatibilidade com softwares de processamento de dados.
Integração com plataformas de gestão
Os dados captados pelos drones podem ser integrados a plataformas BIM, sistemas ERP ou softwares de acompanhamento de obras.
Essa integração proporciona os seguintes benefícios:
- automatização da geração de relatórios fotográficos;
- mapeamento de desvios entre projeto e execução;
- alimentação de dashboards com métricas de produtividade e avanço físico.
O uso de uma tecnologia como essa na construção civil representa uma das transformações mais relevantes do setor nas últimas décadas. Ao proporcionar uma visão aérea precisa, rápida e segura, os drones ampliam o controle sobre o canteiro de obras e facilitam a gestão baseada em dados.
Com planejamento adequado, respeito às normas regulatórias e capacitação das equipes, o uso de drone na construção civil tende a se tornar um padrão em projetos de qualquer porte.
Sua equipe já utiliza drones no canteiro de obras? Compartilhe nos comentários como tem sido essa experiência — ou quais desafios ainda impedem essa adoção.
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