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Como elaborar um projeto executivo completo: guia para profissionais

felipe

17 de junho de 2025

9 min. de leitura

Como elaborar um projeto executivo completo: guia para profissionais

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Seções desta página

  • O que é o projeto executivo?
  • Quais documentos e desenhos devem compor o projeto?
  • Plantas baixas detalhadas
  • Cortes e fachadas
  • Detalhamentos construtivos
  • Tabelas e especificações técnicas
  • Memorial descritivo
  • Compatibilização com projetos complementares
  • Etapas para elaboração eficiente
  • 1. Análise do projeto legal aprovado
  • 2. Levantamento das premissas técnicas
  • 3. Produção dos desenhos técnicos
  • 4. Integração com disciplinas complementares
  • 5. Revisão e padronização
  • 6. Apresentação e entrega ao cliente
  • O que diferencia um bom projeto executivo?
  • Dicas para entregar com precisão e agilidade

Quando se fala em construção civil e arquitetura, um dos documentos mais decisivos para o sucesso da obra é o projeto executivo de arquitetura. Ele é o elo entre o planejamento técnico e a execução prática, reunindo informações que garantem precisão, segurança e eficiência em cada etapa da obra.

Mas, afinal, como elaborar um projeto executivo que atenda às normas técnicas, auxilie o canteiro de obras e evite falhas de comunicação? Neste guia completo, mostramos as etapas essenciais, os conteúdos obrigatórios e as boas práticas para entregar um projeto executivo claro, detalhado e aplicável.

O que é o projeto executivo?

O projeto executivo é um conjunto de documentos técnicos, plantas, especificações e detalhes construtivos que descrevem com exatidão tudo o que deve ser feito durante a execução da obra. 

Trata-se da fase final do desenvolvimento projetual, que consolida o amadurecimento das soluções técnicas definidas nas etapas anteriores (estudos preliminares, anteprojeto, projeto básico, etc), traduzindo-as em um nível de detalhamento suficiente para a execução precisa em campo. Por isso, torna-se o principal instrumento de consulta para engenheiros, mestres de obras e equipes de execução, assegurando clareza, padronização e viabilidade construtiva em todas as frentes da obra.

Sua função principal é transformar as ideias do projeto arquitetônico em instruções práticas e realizáveis, com base nas decisões tomadas durante a fase de desenvolvimento do projeto legal. 

Isso significa que o projeto executivo precisa conter todas as informações de forma organizada e padronizada, eliminando ambiguidades e prevenindo erros de execução.

Além disso, o projeto executivo cumpre papel fundamental na estimativa de custos, aquisição de materiais, cronograma de obras e compatibilização entre diferentes disciplinas — como estrutura, instalações elétricas, hidráulicas e sistemas especiais. 

É por meio desse projeto executivo que se garante que tudo seja construído conforme o previsto, de modo a evitar o retrabalho e prejuízos.

Quais documentos e desenhos devem compor o projeto?

O conteúdo de um projeto executivo pode variar conforme a complexidade da obra, mas há componentes essenciais que devem sempre estar presentes. A ausência de qualquer um desses itens compromete a execução, gera dúvidas e aumenta a margem de erro no canteiro.

Confira, a seguir, as principais diretrizes de um projeto executivo de arquitetura!

Plantas baixas detalhadas

As plantas devem mostrar todos os ambientes com cotas, eixos, esquadrias, espessuras de paredes, mobiliário fixo, paginação de pisos e demais elementos construtivos. Também devem conter marcações de cortes, elevações e detalhes.

Cortes e fachadas

Os cortes verticais e as elevações (ou fachadas) mostram a relação entre os pavimentos, alturas de pé-direito, níveis, forros, telhados, aberturas e acabamentos. São essenciais para entender a volumetria e proporções do projeto e a articulação entre os diferentes espaços. O posicionamento estratégico dos cortes deve permitir verificar, com precisão, a altura livre dos elementos de circulação vertical - como escadas, rampas e elevadores - assegurando que atenda às normas, aos requisitos de acessibilidade e às boas práticas de projeto.

Detalhamentos construtivos

Incluem informações como tipos de encontros entre materiais, métodos de fixação, tratamento de esquinas e arremates, impermeabilizações, elementos pré-moldados, entre outros. Detalhes estruturais e de acabamento devem estar representados com escala ampliada.

Tabelas e especificações técnicas

É fundamental apresentar tabelas com acabamentos, revestimentos, esquadrias, tipos de portas, ferragens e louças. Todas essas informações devem estar relacionadas com o memorial descritivo e com as plantas.

Memorial descritivo

Documento textual que descreve todos os materiais e soluções adotadas no projeto, bem como os procedimentos executivos recomendados. Serve de guia complementar às plantas e aos desenhos técnicos.

Compatibilização com projetos complementares

O projeto executivo de arquitetura deve estar em conformidade com os projetos estruturais, elétricos, hidráulicos, de prevenção e combate a incêndio, climatização, automação e outros. Vale reforçar que a compatibilização é obrigatória para evitar interferências físicas e funcionais.

Etapas para elaboração eficiente

A elaboração de projeto executivo deve seguir um processo sistemático, que assegure o controle de qualidade em todas as suas fases. A divisão em etapas permite maior clareza, controle de qualidade e agilidade na elaboração do projeto.

Antes de começar o executivo, é fundamental revisar o projeto legal e verificar se ele está devidamente aprovado junto aos órgãos competentes. Essa base deve ser usada para iniciar os detalhamentos, sempre atentos às exigências normativas. 

Também é importante analisar eventuais condicionantes ou restrições impostas pela legislação urbana, como recuos obrigatórios, altura máxima e acessibilidade.

2. Levantamento das premissas técnicas

Inclui a análise das normas técnicas aplicáveis (como ABNT NBR 6492, NBR 9077, NBR 15575, entre outras), decisões de projeto, briefing do cliente, condições do terreno, topografia e aspectos ambientais. 

Nessa etapa, deve-se registrar critérios como sustentabilidade, desempenho térmico e acústico, além da viabilidade de materiais e fornecedores. A definição clara dessas premissas evita retrabalho nas etapas posteriores.

3. Produção dos desenhos técnicos

Com base nas informações levantadas, são iniciadas as plantas, cortes, fachadas e detalhes. O uso de softwares de modelagem BIM ou CAD é essencial para garantir precisão e facilidade na compatibilização. 

Cada desenho deve seguir padrões gráficos coerentes, com simbologia técnica padronizada, cores e espessuras de linha bem definidas, para facilitar a leitura no canteiro.

4. Integração com disciplinas complementares

É o momento de integrar os projetos de estrutura, elétrica, hidráulica, ar-condicionado e demais sistemas. Eventuais conflitos devem ser resolvidos em conjunto com os profissionais responsáveis por cada disciplina.

Também é recomendável realizar reuniões de compatibilização, revisar interferências tridimensionais e registrar decisões técnicas, garantindo total alinhamento entre todos os envolvidos.

5. Revisão e padronização

Antes de concluir o projeto executivo, é indispensável revisar todos os desenhos e documentos, padronizar legendas, escalas, simbologias, nomenclaturas e formatar os arquivos conforme as diretrizes da equipe ou do contratante. 

Uma boa prática é utilizar uma folha de revisão, indicando atualizações feitas e versões emitidas. Isso assegura rastreabilidade das mudanças e profissionalismo na entrega.

6. Apresentação e entrega ao cliente

A entrega do projeto pode ser feita digitalmente, com arquivos organizados por pastas (plantas, detalhes, memoriais etc.), ou em formato impresso, conforme o acordo feito com o cliente.

Em ambos os casos, é importante incluir uma folha de rosto e índice de documentos. Também é recomendável incluir uma reunião técnica de apresentação, explicando pontos críticos, soluções adotadas e orientações para execução.

O que diferencia um bom projeto executivo?

Um bom projeto executivo é aquele que antecipa os desafios da obra e fornece todas as informações necessárias para resolvê-los de forma prática. Ele não é apenas um conjunto de desenhos: é uma ferramenta de comunicação entre o arquiteto, o engenheiro, o construtor e o cliente.

Quando esses critérios são atendidos, o projeto executivo torna-se não apenas uma representação gráfica, mas um verdadeiro manual estratégico para a realização da obra.

Entre os principais diferenciais de um projeto executivo sólido, podemos destacar:

  • clareza das informações, com desenhos legíveis, organização visual e uso consistente de símbolos, escalas e legendas. Isso facilita a leitura e evita interpretações erradas no canteiro de obras.
  • coerência entre documentos, garantindo que plantas, cortes, detalhes e memoriais estejam todos alinhados entre si, sem contradições ou omissões.
  • viabilidade construtiva, propondo soluções compatíveis com o orçamento, o cronograma e os métodos executivos disponíveis para a obra em questão.
  • adequação às normas técnicas, com total conformidade às exigências da ABNT e de órgãos reguladores, o que evita problemas legais e técnicos.
  • integração multidisciplinar, considerando e compatibilizando os projetos estruturais, elétricos, hidráulicos e demais sistemas desde o início.
  • facilidade de manutenção futura, quando o projeto já antecipa pontos de acesso a instalações, materiais duráveis e sistemas fáceis de operar e reparar.
  • previsão de impactos e interferências, incluindo análise de sombreamento, ventilação, acessibilidade e segurança no uso cotidiano da edificação.

Dicas para entregar com precisão e agilidade

Produzir um projeto executivo com eficiência exige organização, domínio técnico e visão integrada do processo construtivo. A seguir, estão algumas boas práticas que podem elevar a qualidade do seu trabalho e agilizar a entrega:

  • use ferramentas digitais adequadas: softwares BIM como Revit, ArchiCAD e ferramentas de compatibilização como Navisworks e Solibri permitem detectar interferências e inconsistências antes da obra. Além disso, facilitam a revisão e a colaboração entre disciplinas;
  • trabalhe com checklists: desenvolva listas de verificação para cada etapa do projeto: documentos obrigatórios, escalas corretas, conferência de cotas, verificação de interferências, atualização das revisões, entre outros. Isso reduz falhas e retrabalho;
  • documente todas as decisões: durante a elaboração do projeto, muitas decisões são tomadas em conjunto com clientes, engenheiros ou consultores. Registre essas decisões, preferencialmente por escrito ou por e-mail, para evitar dúvidas no futuro;
  • adote bibliotecas de detalhes: ter uma biblioteca de detalhes executivos (estruturas, acabamentos, impermeabilizações, forros, entre outros) reduz o tempo de produção e garante uniformidade nos projetos. É importante atualizar e revisar esses arquivos com frequência;
  • mantenha contato com a equipe de obra: a equipe que estará no canteiro pode fornecer feedback valioso sobre soluções práticas, materiais disponíveis, fornecedores e prazos. Um projeto executivo só é realmente eficaz quando dialoga com a realidade da construção;
  • antecipe dúvidas com legendas e notas: não subestime o poder de uma boa legenda ou nota explicativa. Se uma solução pode gerar dúvida, explique de forma clara nos próprios desenhos, evitando a necessidade de esclarecimentos posteriores.

Como vimos no artigo, um projeto executivo de arquitetura é um processo técnico e criativo que exige atenção aos detalhes, clareza na comunicação e integração entre disciplinas. Quando bem feito, ele se torna o alicerce da execução, evitando erros, otimizando recursos e garantindo qualidade à obra.

Mais do que um requisito burocrático, o projeto executivo é uma ferramenta estratégica que traduz a visão do arquiteto em realidade construída. É por meio dele que as ideias ganham forma concreta, com segurança, eficiência e fidelidade ao conceito original.

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felipe

Eng. Civil há quase 20 anos com especialização em projetos estruturais. Empreendedor na área de tecnologias para construção civil com ênfase em gestão de projetos e BIM. Pesquisador (Universidade de São Paulo) e autor de artigos científicos internacionais sobre BIM.

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